A Biblioteca Municipal de Oliveira do Hospital dinamizou a oficina “Como se faz um poema” com a colaboração de Elsa Ligeiro, editora da Alma Azul, a qual foi participada pelos 15 alunos da EPTOLIVA que frequentam o curso profissional de Técnico de Design, variante de Design de Equipamento.
Elsa Ligeiro dinamizou uma atividade que teve como ponto de partida os primeiros poemas de Eugénio de Andrade para a construção de novos textos. Durante uma hora e meia desafiou os participantes a abraçar a poesia, abordando temáticas como o das matérias necessárias para a construção de um poema ou os elementos usados na sua elaboração.
A vida e obra do poeta foi outro dos temas abordados. Eugénio de Andrade nasceu na Póvoa de Atalaia, Fundão, em 19 de janeiro de 1923. Viveu em Coimbra, nos anos 40, onde conheceu e se tornou amigo de Miguel Torga, Carlos Oliveira e Eduardo Lourenço. Eugénio de Andrade é um dos maiores poetas da Língua Portuguesa, está traduzido em muitas outras línguas e recebeu, em 2001, o Prémio Camões.
Todos os participantes nesta oficina receberam um livro de Eugénio de Andrade. Foi ainda oferecido o livro “Meditações do Desassossego”, de Bernardo Soares, uma edição da Alma Azul.
Graça Silva, vereadora da Educação, acolheu os participantes dirigindo-lhes o desejo de que “fiquem motivados para a escrita e a leitura” após a participação nesta oficina, convidando-os a que “se façam leitores da Biblioteca Municipal”. A também responsável pela Cultura frisou ainda que “temos muitos poetas no concelho, muitos autores que se aventuraram na escrita” e que contam com os seus livros publicados com o apoio da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital.
Do desafio proposto resultaram alguns poemas, partilhados pelos participantes, sendo que se transcrevem dois deles, escolhidos pela editora Elsa Ligeiro.
A palavra amor,
Merece alguma compreensão.
Existe uma variação de significados
Mas só uma conclusão.
Que conclusão é esta
Que se sente em toda a nação,
É oficial que o desfecho
Será sofrimento e não paixão.
Não jogo sentimentos no ar
Por ti tenho compaixão
Nunca serás um jogo de saudades.
Será sempre desejo no
meu sonhar
Mas sonho acordado
Para sentires a ternura do meu olhar.
Diogo Vieira
As palavras
São como um cristal,
as palavras.
Umas vezes lindas e coloridas
outras inseguras e frágeis.
É uma forma de conquistar
e ao mesmo tempo
ferir, magoar e,
despertar sentimentos e emoções.
Mas, as palavras tornam-nos livres
e soltos.
Ao mesmo tempo
com as palavras
aprendemos a amar.
Carlos Francês