Nasceu de uma ideia conjunta da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital e dos governos civis de Coimbra e da Guarda o desafio de realizar um Seminário de Incêndios Florestais em Oliveira do Hospital, concelho com elevado risco de ocorrências devido às características de exposição do seu território e à sua intensa densidade florestal, mas também com provas dadas na capacidade de desenvolver um trabalho muito positivo ao nível da prevenção e combate a incêndios, graças às excelentes relações estabelecidas entre o município, as corporações de bombeiros, as associações florestais e os agentes de Protecção Civil.
O desafio de partilhar conhecimentos essenciais e inovadores e de, simultaneamente, divulgar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na área da protecção e combate a incêndios florestais pelo município e pelas duas corporações de bombeiros do concelho, foi, de facto, cumprido no passado 28 de Maio, com o Seminário de Incêndios Florestais, organizado pela Câmara Municipal de Oliveira do Hospital em parceria com os Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital e os Bombeiros Voluntários de Lagares da Beira, numa sessão com a duração de 8 horas, que teve lugar no Salão Nobre dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital.
Com mais de meia centena de participantes, na sua maioria representantes de corporações de bombeiros e associações florestais de Coimbra e distritos vizinhos, o Seminário contou com oradores como António Martins, do CODIS Coimbra; Inês Lopes e Paulo Albino, como representantes da Autoridade Florestal Nacional; Tenente Jacinto, do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro; o adjunto dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital, Paulo Sousa; Pedro Palheiro, membro do GIFF; Mauro Carpinteiro, representante da ADESA; Miguel Galante, adjunto do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural; e José Carlos Silva, Engenheiro Florestal ao serviço do Gabinete Técnico Florestal de Oliveira do Hospital, para além do Presidente do Município, a quem coube a sessão de abertura.
”Estão aqui presentes homens do terreno, habituados a lidar com uma prática directa que, muitas vezes, desmente teorias” começou por dizer José Carlos Alexandrino, referindo-se ao trabalho no terreno que diariamente é feito pelas corporações com responsabilidades no sector, considerando que “mais importante do que a teoria é o trabalho prático.
Trabalho que, tal como no futebol, não se faz apenas com treinadores, mas coletivamente, com os jogadores, tantas vezes anónimos”, acrescentou Alexandrino, que admitiu que só graças ao trabalho de cooperação é possível atingir o êxito e a capacidade de resposta por que primam as corporações de Oliveira do Hospital na “defesa do património e riqueza do concelho”.
Sustentado em estatísticas, o Presidente da Câmara de Oliveira do Hospital fez questão de divulgar dados concretos e referiu que, em 2010, tiveram lugar 161 ocorrências – “um número bastante elevado para o concelho de Oliveira do Hospital” – que, no total, foram responsáveis por uma área ardida de 140 hectares.
Considerando que “o apoio às corporações é uma responsabilidade do Município na sua função de promotor e articulador da protecção civil no concelho”, José Carlos Alexandrino não esqueceu também o apoio fundamental da ADESA, associação intermunicipal que, ao nível do combate e prevenção através da aplicação de maquinaria, tem sido uma mais-valia para os seis concelhos que a integram, entre os quais Oliveira do Hospital.
O papel do Município de Oliveira do Hospital na prevenção estrutural de incêndios florestais voltou, durante o seminário, a ser abordado por José Carlos Silva, do Gabinete Técnico Florestal (GTF) de Oliveira do Hospital, que constatou que, embora a área ardida tenha vindo a diminuir desde o ano crítico de 2005, a quantidade de ocorrências de 2010 não deixou de ser preocupante, facto que motivou o GTF a definir um conjunto ambicioso de estratégias a executar em 2011. Estas passam, entre outras, pelo aproveitamento do parque de máquinas ao serviço dos seis municípios que compõem a ADESA; por uma aposta nos trabalhos de silvicultura preventiva executados pelas equipas de Sapadores Florestais; pela sensibilização junto de Juntas de Freguesia, colectividades e agrupamentos escolares; e pela recuperação e reabilitação de ecossistemas através da plantação de espécies folhosas autóctones.
A encerrar o seminário esteve presente Miguel Galante, Adjunto do Secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, que não deixou de enaltecer o trabalho fundamental na prevenção estrutural exercida pelos gabinetes técnicos florestais dos municípios, parceiros directos da Autoridade Florestal Nacional, concluindo que o combate aos incêndios é “uma prática de cidadania que exige o envolvimento de todos”, uma vez que, nas suas próprias palavras, adaptadas do mote do Ano Internacional das Florestas que se comemora em 2011, “as florestas são para todos e todos devemos ser contra o fogo!”.