O Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) acaba de celebrar com a BLC 3 – Plataforma para o Desenvolvimento da Região Interior Centro um protocolo de cooperação para apoiar o processo de desenvolvimento daquele que é considerado o maior projecto nacional na área dos biocombustíveis de segunda e terceira geração – o BioREFINA-Ter – e que está concebido para transformar a vegetação espontânea da floresta em
biocombustíveis substitutos do gasóleo e da gasolina, sem entrar em competição com o sector alimentar.
No protocolo e entre outros considerandos, o LNEG justifica o seu envolvimento no projecto com a argumentação de que “Portugal não apresenta avanços tecnológicos significativos no aproveitamento da biomassa lenho-celulósica, quando comparado com as outras energias renováveis e com outros países desenvolvidos”, sublinhando ainda que está em causa um recurso que “é uma opção chave para a energia mecânica”, sobretudo no sector dos transportes.
Nos termos daquele protocolo, a instituição de I&D do Ministério da Economia, que recentemente passou a deter a coordenação nacional de todo o processo da verificação de sustentabilidade na produção de biocombustíveis, considera a sua cooperação com o BioREFINA-Ter como uma “demonstração do interesse inequívoco do LNEG em desenvolver este projecto de interesse nacional e de extrema importância para o desenvolvimento da região interior e da economia portuguesa, e a valorização territorial e urbana”.
Para o LNEG, que classifica o BioREFINA-Ter como “pioneiro a nível internacional”, um outro aspecto importantes do projecto reside no facto de a floresta e a vegetação espontânea serem a principal fonte de biomassa lenho-celulósica em Portugal, podendo representar dois terços da área total do país. “É extremamente importante optimizar multidisciplinarmente (nas vertentes ambiental, energética, económica e social) a utilização destes recursos e ter em consideração a questão e problemática dos incêndios”.
Com este protocolo, realizado com uma entidade científica e tecnológica de excelência, a BLC 3 fica agora com o compromisso de instalar um Centro de Desenvolvimento Tecnológico no “cluster” das biorrefinarias e bioprodutos, recursos lenho-celulósicos e tecnologias avançadas, que tenha ligações às Universidades, entidades científicas e tecnológicas nacionais e estrangeiras e, ainda, ao Instituto Politécnico de Coimbra, através da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital.
Numa primeira fase e pretendendo colocar Portugal na vanguarda da tecnologia e da independência do petróleo, o projecto-piloto abrangerá os concelhos de Oliveira do Hospital, Tábua, Arganil e Góis, através da construção de uma biorrefinaria de demonstração industrial com capacidade para produzir anualmente cerca de 25 milhões de litros de biocombustíveis lenho-celulósicos com base em vegetação espontânea e que não entram em competição nem com as culturas alimentares nem com a floresta.