Vários especialistas estiveram em Oliveira do Hospital, no passado dia 9, onde participaram no seminário “Hiperatividade e deficit de atenção: dos mitos ao conhecimento científico”. O encontro assinalou o primeiro ano de atividade da Equipa de Saúde Mental Comunitária do Pinhal Interior Norte, numa organização desta entidade em parceria com o Município de Oliveira do Hospital, a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Oliveira do Hospital e a Unidade de Cuidados na Comunidade Pinheiro dos Abraços.
Além da reflexão sobre o trabalho desenvolvido e os desafios que se colocam, na realidade em que se insere, a esta equipa coordenada pela psiquiatra Célia Franco, o seminário, que teve casa cheia no auditório da Casa da Cultura, contou com a presença de vários especialistas em diferentes áreas como a Psiquiatria, Pedopsiquiatria, Psicologia e Neurobiologia, que refletiram sobre a Perturbação de Hiperatividade e Deficit de Atenção (PHDA), nas vertentes científica e prática do termo, ou seja, o que diz a ciência e como se vive com PHDA, relatos na “primeira pessoa”.
Sublinhando a importância desta sessão, o presidente da autarquia, José Carlos Alexandrino, destacou o “bom trabalho” que tem sido desenvolvido pela Equipa de Saúde Mental Comunitária (ESMC) bem como a dedicação dos seus elementos que prestam um importante apoio à população.
Também na sessão solene, Avelino Pedroso, diretor executivo do ACES PIN, frisou a “pertinência do encontro no arranque do ano letivo” em torno de uma temática que é preocupação para pais, professores e educadores, e profissionais de saúde. Falou ainda da importância das parcerias entre entidades uma vez que “em complementaridade se pode fazer mais e melhor e os beneficiários são os nossos utentes”.
Por sua vez, António Pires Preto, vice-diretor do Centro de Responsabilidade Integrada de Psiquiatria (CRIP), do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC), notou que “há mudança de paradigma na abordagem à doença mental e psiquiatria” e que a acessibilidade da população aos cuidados médicos da especialidade é a grande dificuldade, daí a importância deste acompanhamento pela equipa que vai ao encontro dos doentes espalhados pelo território da sua ação.
Após assistir à apresentação do estado e dos números da “Saúde Mental Comunitária” no país, na região centro e do trabalho levado a efeito pela ESMC, também José Francisco Rolo, presidente da CPCJ Oliveira do Hospital, sublinhou que “em boa hora esta equipa foi constituída”, dando conta da pertinência deste seminário promovido a poucos dias do início de mais um ano letivo. “Quisemos dar resposta às necessidades da comunidade educativa com um encontro que capacite e dê os instrumentos aos profissionais que trabalham no dia a dia com as nossas crianças e jovens, para lidar com este problema”, acrescentou durante a intervenção na sessão solene.
No seminário – onde responsáveis defenderam o reinvestimento de verbas poupadas, com a reorganização da resposta da especialidade no distrito de Coimbra, no reforço da qualidade e de equipas de saúde mental comunitárias – esteve, enquanto orador, o diretor do Programa Nacional para a Saúde Mental da DGS, Álvaro Carvalho, que após a apresentação de dados sobre a magnitude dos problemas de saúde mental, reforçou que “se não houver trabalho de proximidade e de deteção precoce, estes dados tenderão a piorar”.
A Perturbação de Hiperatividade com Défice da Atenção (PHDA) é uma das principais questões da saúde mental, uma patologia descrita e estudada há vários anos, do desenvolvimento da infância e adolescência, pese embora, como notaram os especialistas, não é uma patologia exclusiva da infância podendo ser diagnosticada na vida adulta. Cerca de 5% dos jovens em idade escolar têm dificuldade em se concentrar nas aulas.