Ultrapassando as funções-tipo de um espaço bibliotecário, a Biblioteca Municipal de Oliveira do Hospital expõe, desde o dia 1 de setembro, uma coleção singular que mostra uma faceta de vida de um também singular colecionador: Tó Guilherme, o ex-bombeiro com uma história de vida bem conhecida e acarinhada pela população local. Trata-se da “Coleção Encantadora” de Tó Guilherme – designação escolhida pelo próprio – que, até 21 de setembro, trará um valor acrescentado à Biblioteca Municipal.
Canetas, porta-chaves, isqueiros e troféus, em quantidade e valor dignos de um colecionista que há muito deixou de ser um simples “amador”, constituem o espólio de Tó Guilherme que está agora acessível a todos os que o desejem admirar e, quem sabe, deixar-se “levar pela veia do colecionismo, descobrindo um hobbie e iniciando novos projetos de vida”, como é desejo do colecionador.
Paraplégico desde 1994, na sequência de um acidente de trabalho enquanto cumpria funções de bombeiro, Tó Guilherme recorda que a ideia de colecionar canetas surgiu nesse mesmo ano, aquando da sua estadia nos Hospitais da Universidade de Coimbra – “comecei a observar as canetas que pendiam nos bolsos dos médicos; depois, surgiu a amizade com o pessoal da propaganda médica e o resultado é o que está vista”, refere satisfeito, apontando para os milhares de canetas que, por falta de espaço nos expositores, constam também de caixas e pequenos baús em exposição na Biblioteca Municipal.
Admitindo ser proprietário de peças únicas, algumas avaliadas em milhares de euros, Tó Guilherme reconhece em cada uma delas um “valor incalculável”, onde está sempre presente um momento vivido ou um acontecimento que guarda com muito afeto. “Quando vou a uma firma, um estabelecimento ou um escritório à procura de novas canetas, sou sempre bem recebido; é sobretudo uma coleção de bons momentos, da qual nunca me irei desfazer”, revela, entre um sorriso, Tó Guilherme.
A exposição “Coleção Encantadora” de Tó Guilherme, inaugurada na presença da vereadora da Cultura, Graça Silva; do comandante dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital, Emídio Camacho; da presidente da ARCIAL, Rosa Neto; e do presidente da Fundação Aurélio Amaro Dinis, Álvaro Herdade, entre outros, conta ainda com um conjunto de troféus que, de acordo com as intenções do proprietário, farão parte do espólio do futuro espaço museológico que pretende imortalizar a A.D.O.H. – Associação de Deficientes de Oliveira do Hospital, presidida pelo próprio.
Entre palavras de agradecimento que faz questão de dirigir à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital e à Biblioteca Municipal, Tó Guilherme revela que, embora não contabilizada na totalidade, a sua coleção de canetas já conta com mais de 20 mil peças, todas diferentes, o que ultrapassa, a largo passo, o record oficial do Guiness, que se fica por uma coleção de 8 mil canetas. Consciente da façanha, Tó Guilherme pretende agora oficializar a sua coleção, de forma a que o seu nome conste também do livro do Guiness – “se assim for, será bom para mim, mas também para Oliveira do Hospital, que deve sempre ser representada pelos melhores motivos”, conclui.